segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Narrativas visuais: exposição sobre quadrinhos em um evento de historiadores

Entre os dias 24 e 28 de outubro participei do II Congresso Nacional do Cangaço e III Semana Regional de História, eventos realizados em conjunto na UFCG, no campus da cidade mais quente em que já estive até hoje: Cajazeiras.
Atuei no evento como ministrante do minicurso "Narrativas visuais: o uso das histórias em quadrinhos no ensino de história", e foi uma experiência extremamente gratificante e enriquecedora. 

Há muito tempo venho trabalhando com o uso das histórias em quadrinhos na sala de aula e também como material para pesquisa acadêmica, e compartilhar os conhecimentos adquiridos nestes dois espaços foi algo muito positivo, mas também uma tarefa de extrema responsabilidade. O maior "impacto" que tive foi verificar a lista de inscritos, no dia em que cheguei à cidade a turma já estava fechada, 30 alunos, e com perspectiva de mais inscrições, foi uma satisfação grande e um sentimento de responsabilidade de igual tamanho.

A oportunidade de expor uma nova perspectiva de análise das histórias em quadrinhos, apresentá-las como um rico material tanto para a pesquisa acadêmica quanto para a prática em sala de aula e compartilhar os resultados de experiências que realizei anteriormente foram momentos muito importantes deste processo. Porém, o que mais me agradou foi a receptividade dos alunos às minhas propostas, algo fundamental para o sucesso de um trabalho assim.

Os contatos que estabeleci e retorno dos alunos nos dias seguintes ao minicurso, seja por e-mail ou comentários aqui mesmo, foram o que me deixou mais satisfeita, pois através disso me dei conta de que o meu propósito ao cruzar a Paraíba em uma cansativa viagem  com oito hora de duração para ir falar sobre quadrinhos foi cumprido, que era acender a centelha da curiosidade para esta nova linguagem. Agora, espero que o futuro me apresente os frutos deste trabalho, sob a forma de novos companheiros na pesquisa sobre histórias em quadrinhos e que ainda possamos trocar muitas figurinhas pelos eventos acadêmicos da vida.


domingo, 9 de outubro de 2011

Reiniciando

Depois de um bom tempo sem escrever eis-me aqui novamente! Finalmente defendi, uma pesquisa desenvolvida ao longo de dois anos e meio chegou ao fim. 
Escutando a leitura da ata
A defesa da minha dissertação, intitulada "Angeli e a República dos Bananas: representações cômicas da política brasileira na revista Chiclete com Banana (1985-1990)", ocorreu na manhã do dia 24 de agosto. Apesar da ansiedade característica de um evento assim, tudo se passou de forma muito tranquila e satisfatória. Pude perceber que os membros da banca gostaram da minha escrita, do tema, dos resultados da pesquisa, enfim, ficaram satisfeitos com o trabalho. 
Assim como me disseram muitos amigos que já haviam passado pela mesma experiência, a defesa é um momento muito bom. Da parte da banca vieram comentários significativos, que me acompanharão por toda a minha vida acadêmica.

A tradicional foto com a banca avaliadora. Da esquerda para a direita: Iranilson Buriti de Oliveira (examinador externo), Regina Maria Rodrigues Behar (orientadora) e Henrique Magalhães (examinador interno)

Porém , apesar de ter passado muito tempo esperando por esse momento conclusivo, após alguns dias de descanso vem uma sensação de vazio, um certo sentimendo de "viuvez" como definiu minha querida professora Regina Célia. Sentindo que já era hora de reiniciar, tal qual pus no título, lanço-me a novos desafios, e entre eles está este blog. Ainda existe muito a ser comentado sobre quadrinhos, e aguardem mais textos e com mais frequência, prometo!
A prova do crime: minha dissertação
Apoveito para agradecer à minha orientadora, a Profa. Regina Maria Rodrigues Behar, que sempre acreditou na viabilidade da minha pesquisa e me deu algo fundamental para um bom desempenho em um trabalho acadêmico: liberdade. Agradeço também ao Prof. Henrique Magalhães, que gentilmente permitiu o acesso e digitalização das fontes, e ao Prof. Iranilson Buriti de Oliveira, pelas excelentes contribuições no momento da defesa. Não posso esquecer de agradecer também a todos os professores do PPGH/UFPB, que direta ou indiretamente contribuíram com a minha pesquisa.
Por enquanto, compartilho com vocês as fotos desse dia tão maravilhoso na minha vida, mais um ciclo que concluí e a abertura de muitas outras portas pelas quais desejo passar. Agradeço aos que torceram por mim e acompanharam meu percurso, e aproveito para convidá-los para minha mais nova jornada no mundo dos quadrinhos e da pesquisa acadêmica.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Como os Beats entraram na minha vida


Um dos maiores erros de quem está em processo de finalização de uma dissertação é começar a pensar em temas para uma tese. Mas manter o foco é uma tarefa difícil, diria até quase impossível, pois são muitas as leituras feitas durante a elaboração de uma dissertação, logo, como todo ser pensante, as ideias começam a saltar e já começamos a planejar o próximo passo antes mesmo de concluir este primeiro.

Comigo, tudo começou na qualificação, quando a banca examinadora me recomendou que aprofundasse o debate sobre contracultura. Depois de ler alguns artigos sobre o tema fui direto na fonte, li The Making Of  a Counter Culture, de Theodore Roszak, o autor que criou o termo contracultura. Desde as primeiras páginas o autor me seduziu, especialmente com a seguinte afirmação no primeiro capítulo:

Para o bem ou para o mal, a maior parte do que atualmente ocorre de novo, desafiante e atraente, na política, na educação, nas artes e nas relações sociais (amor, corte sentimental, família, comunidade) é criação de jovens que se mostram profundamente, até mesmo fanaticamente alienados da geração de seus pais, ou de pessoas que se dirigem primordialmente aos jovens.”
(ROSZAK, 1972, p.15)

Sempre me senti atraída por movimentos culturais da juventude,movimentos de contestação, ruptura dos padrões. Lembro de ainda no Ensino Médio ter lido repetidas vezes livros sobre estes temas. E na pós-graduação, a possibilidade de trabalhar com histórias em quadrinhos contraculturais me apaixona. Me aprofundando na leitura de Roszak, conheci melhor os beats. Havia feito algumas leituras antes sobre este movimento, mas com este autor, compreendi o movimento com um olhar mais diferenciado, e isso despertou ainda mais minha curiosidade.


Porém, o estopim que fez explodir em mim essa ânsia pela literatura beat, foi a leitura da Graphic Novel Os Beats. Em um ritmo que se assemelha muito ao jornalismo em quadrinhos de Joe Sacco, esta obra me permitiu conhecer mais sobre Jack Kerouack, Allen Ginsberg e William Borroughs, grandes nomes daquela que ficou conhecida como geração beat, assim como também fui apresentada a outros autores cuja obra ainda eu ainda desconhecia.

O desejo destes autores em criar uma arte livre de amarras, seu antiacademicismo (e que hoje é objeto de estudo da academia!) e o estilo de vida que levavam me impressionaram, e confesso que entre um parágrafo e outro da minha pesquisa atual, sempre encaixo algo deste tema para uma pesquisa futura. 




Não é a melhor receita para realizar uma pesquisa acadêmica, pois recomenda-se sempre fechar um tema para ingressar em outro, todavia, para uma pesquisadora da contracultura seguir as regras ao pé da letra seria muito contraditório não?! Além disso, sou uma pessoa movida pela paixão, os que me conhecem sabem muito bem disso, e os que ainda não me conhecem, podem perceber essa minha característica pelos meus textos e comentários. E quando me apaixono, mergulho a fundo no tema, me envolvo por completo, e apesar de na escrita acadêmica sempre existir a recomendação de dosar as paixões, eu prefiro ficar com uma frase do maravilhoso filme argentino El Secreto de Sus Ojos, “Sólo hay una cosa que un tipo no puede cambiar. No puede cambiar de PASIÓN”.